O conceito de ESG passou a ser uma parte inexorável do dia a dia de negócios.
Atualmente a sustentabilidade passou a englobar o conceito de ESG (Environmental, Social, Governance, em inglês) e as iniciativas globais buscam combinar metas objetivas de redução dos impactos da mudança climática e o desenvolvimento sustentável.

Neste sentido, desde a Rio 92, que produziu a Agenda 21, um roteiro para países e entidades buscarem crescimento com atendimento de problemas ambientais e sociais, mas sobretudo, desde 2015, em função do Acordo de Paris , que visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa para limitar o aumento médio de temperatura global preferencialmente a 1,5º, acima de níveis pré-industrias, passando pela Agenda 2030, compilando 17 objetivos e 169 metas bem como pelo Pacto Global, voltado para empresas e organizações do setor privado que conta com 17.141 signatários em 160 países, todo o escopo das negociações diplomáticas e comerciais vem se moldando a este cenário. Inegavelmente, um bom exemplo recente é o Green Deal (2019) da União Européia.
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ESG vem se tornando um gerador de valor adicional
A consultoria Mckinsey em um artigo publicado em 2019 ( Five Ways that ESG Creates Value , tradução para o português, Cinco Modos de como ESG cria valor), abordou como os negócios já inter-relacionam os temas (I) ambiental (E), através da energia produzida, dejetos, emissões de carbono, enfim, afetamos e somos afetados pelo meio-ambiente; (Ii) Social (S) ,que faz parte da reputação criada junto a pessoas (consumidores) e instituições, incluindo as relações trabalhistas, diversidade e instituições e, finalmente, (III) Governança (G) que representa as práticas, controles e procedimentos adotados para o seu governo interno e tomada de decisões.
O artigo mostrou que a pesquisa feita junto a mais de 2.000 empresas globalmente, 63% indicaram que investimentos em ESG geraram maior retorno de capital e uma melhora no fluxo de caixa.
Apoio oficial à agenda ESG no Brasil
O Banco Central do Brasil (Bacen) e os agentes financeiros vêm, aos poucos, aprimorando a regulação para que a questão da sustentabilidade passe a ser considerada dentro da análise de concessão de crédito. Em 2020, o Bacen criou a Agenda Sustentável focada no desenvolvimento de normas e regulações visando o aprimoramento da regulação sobre riscos socioambientais (atualmente em consulta pública), aprimoramento de divulgação de informações por instituições financeiras e instituição de um bureau verde de crédito rural.
Assim como o Bacen, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também criou, nos últimos anos, diversas regulações que contribuíram para o desenvolvimento do mercado de capitais para emissões de debêntures verdes, bastante utilizadas para financiamento de investimentos em energia e por empresas para melhor administração do fluxo de caixa.
Em constraste com que o Bacen e a CVM tem feito, ainda carece surgir uma iniciativa para que as fontes oficiais de financiamento e garantia ao exportador incorporem conceitos de sustentabilidade nos seus programas com o intuito de que as empresas tenham melhores condições de competição atendendo às novas demandas do mercado, o que poderia ser feito através das revisões das políticas e diretrizes de facilitação estabelecidas pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério da Economia.
A adaptação e o apoio ao exportador para a agenda ESG
Na medida em que o setor financeiro privado e o mercado externo tendem a aumentar a exigências ao exportador brasileiro, existe, por outro lado, um campo cada vez mais amplo de apoio às empresas para se adaptarem à agenda da sustentabilidade, como, por exemplo, iniciativas globais que estabelecem métricas padrões para divulgação de informações relacionadas a iniciativas ESG como GRI e SASB, a criação de diversas start-ups para impulsionar inovações e parcerias com diversas empresas já consolidadas no desenvolvimento das suas estratégias.
Além disso, o exportador, necessita manter um acompanhamento constante das exigências dos mercados em que atua, como por exemplo, certificações externas, e se antecipar no desenvolvimento dos conceitos de ESG junto a sua cadeia de fornecedores, além de buscar apoios disponíveis no mercado para tornar a sua jornada ESG um ativo que vai lhe proporcionar um maior valor de mercado.
Em resumo, para terem maior competitividade em um mercado externo cada vez mais exigente neste conceito, as empresas brasileiras, inclusive as pequenas e médias empresas, que já possuem um campo mais restrito no que se refere ao apoio de bancos, terão que deixar de olhar ESG como um passivo e vê-lo como um ativo que gera valor, possibilitando maior acesso a crédito por outras fontes de recursos (fundos e fintechs) e melhor acesso ao mercado.