Ao se alinhar com a agenda sustentável de objetivos globais até 2030 e suas 17 metas e de neutralidade de carbono até 2050, os modelos de negócios precisam ser amplamente modificados, o que exige o aprendizado contínuo para tomar novas ações com responsabilidade.
Índice
Como comprovar a aprendizagem da agenda sustentável?
De antemão, uma das maneiras práticas de mostrar o que se aprende e executa é através de relatórios de sustentabilidade e de informações financeiras seguindo as diversas recomendações e padrões existentes criados por demanda de bancos e investidores.
Desde já, um roteiro deste aprendizado e ação é mostrado no relatório mais recente do TCFD (Task Force on Climate Related Financial Disclosures).
“A ação mais comum é a redução da emissão de gases de efeito estufa. Para atingir os resultados práticos, a ação deve ser acompanhada de uma estratégia que defina a transição, a execução da mitigação e a adaptação alinhada ao plano de negócios.
A partir daí, as organizações definem métricas relacionadas aos riscos e oportunidades que contribuem para informar aspectos da governança, gerenciamento de riscos e estratégia, incluindo pontos exigidos pelos reguladores e indústria, incluindo as métricas utilizadas para tomadas de decisão a partir de riscos específicos das empresas e as premissas utilizadas para estimar o potencial impacto financeiro e que sejam apoiadas em diversos cenários.
As métricas devem ser úteis, de entendimento direto, verificáveis, objetivas, comparáveis e alinhadas aos outros pilares como governança, gerenciamento de riscos e estratégia. Uma vez identificados estes fatores, as empresas estabelecem as suas metas para operacionalizar a estratégia e atingir a ambição climática.”
TCFD
Conheça as ferramentas de padronização documental da agenda sustentável
Um dos primeiros a tentar uma padronização em relatórios foi o GRI (Global Reporting Iniciative).
Criado em 1997, as diretrizes do GRI são aplicáveis a empresas de todos os tamanhos tendo sido os primeiros padrões globais de relatório de sustentabilidade. Os módulos são inter-relacionados e representam as práticas de relatos dos impactos ambientais, econômicos e sociais dos negócios.
Posteriormente ao GRI, surgiram os primeiros índices de sustentabilidade nas bolsas – Em 1999, foi criado o Down Jones Sutainability Index, nos EUA, com critérios ESG e, em 2001, o TS4Good, na bolsa de Londres.
O SASB (Sustainability Accounting Standard Board), entidade criada em 2011 nos EUA para informar questões específicas de determinados setores consideradas materiais para investidores, por outro lado desenvolveu um conjunto de padrões de sustentabilidade que pode ser aplicado em 77 setores diferentes, identificando questões ambientais, sociais e de governança que podem vir a representar impactos materiais no desempenho financeiro de uma empresa. Da mesma forma, outras ferramentas foram criadas para ajudar a transitar entre os impactos climáticos e o valor financeiro mostrado nos relatórios de sustentabilidade como é o caso dos padrões do CDSB-Climate Disclosure Standard Board, um consórcio formado por ONGs e empresas.
A importância do TCFD
Igualmente, o TCFD é considerado como um dos mais relevantes padrões de recomendações, tendo sido criado para alinhar a divulgação de riscos relacionados ao clima com as necessidades dos investidores, credores e seguradoras.
As recomendações do TCFD, divulgadas em 2017, abrangem governança e meio-ambiente distribuídos por 4 pilares básicos e 11 recomendações que foram atribuídas para setores financeiros e não-financeiros, inicialmente, sob um ponto de vista qualitativo.
Em 2019, porém, uma pesquisa indicava que 75% das organizações viam as recomendações de métricas e metas do TCFD como sendo difíceis ou muito difíceis de serem implementadas.
Em nova consulta, publicada em março de 2021, 78% dos que responderam (do total 48% eram bancos ou fundos) indicaram que usavam métricas consideradas de mensuração direta para decisões tais como:
- ⎈ Ge renciamento de Risco Interno;
- ⎈ Alocação de Investimentos/portfolio;
- ⎈ Relacionamento com empresas nas quais investem e comunicação com os investidores.
De acordo com o TCFD, uma recomendação atualizada está prevista para ser liberada no último trimestre de 2021, que deverá mostrar uma evolução de recomendações mais qualitativas de sua fase inicial para métricas de materialidade a respeito de impactos sobre o risco e as oportunidades.
Recomendações a partir de 2021
As novas recomendações deverão incluir informações sobre como reportar o impacto de emissão de gases de efeito estufa na cadeia de valor (incluindo as chamadas emissões de escopo 3 ou emissões indiretas), o impacto dos riscos físicos derivados das mudanças climáticas, das emissões financiadas, a recomendação de traçar cenários baseados em crescimento de temperatura global de 1,5º, ao invés de até 2º c.
As métricas devem observar a materialidade e os efeitos sobre a governança e o gerenciamento de risco.
O TCFD espera que até o final de 2022, haja um amplo entendimento da concentração de ativos relacionados com a emissão de carbono e os riscos relativos a estes ativos frente às mudanças climáticas e discute uma tentativa de convergência com iniciativas de revisão pelo GRI, do SASB, CDSB e CDP que discutem uma tentativa de convergência com o TCFD.
Sob o mesmo ponto de vista, CDSB respondendo a uma consulta da Securities and Exchange Commision (SEC) considerou que a natureza global de negócios, finanças e riscos climáticos não permitem um universo fragmentado de diferentes informes e ter uma base mínima padrão de informações a serem abertas é essencial para reduzir o peso e a complexidade hoje vistas.
Do mesmo modo, a União Europeia (UE) também se preocupa em reduzir a complexidade e o risco de duplicar requerimentos de informações.
A visão da União Europeia na agenda da sustentabilidade
A proposta da comissão europeia não vai impor obrigações a pequenas e médias empresas, a não ser que sejam empresas listadas, que serão permitidas que reportem em padrões mais simples do que os requeridos para as empresas listadas. Segundo dados da UE, pequenas e médias empresas sofrem pressão de credores e fornecedores para divulgarem reports de sustentabilidade.
A transição para uma economia de baixo carbono acaba por levar empresas de qualquer tamanho a ter que se preocupar com fornecer informações de como age para controlar esses impactos, motivo pelo qual padrões deverão ser adaptados para estas empresas.
“As divulgações de hoje permanecem longe da escala que os mercados precisam para canalizar investimentos para soluções, oportunidades e desafios para modelos de negócios sustentáveis e resilientes”.
Michael Bloomberg
Afinal, como devem funcionar todas as informações em um único contexto?
Em conclusão, as métricas e recomendações trazem as informações para quem julga e avalia decisões, entretanto, não fazem sentido se vistas isoladamente e sem que o aprendizado, que vai além do acúmulo de informações, ao longo destes anos, representasse uma combinação para uma ação com responsabilidade.
A ação, por sua vez, deve estar vinculada às metas e ambições de impacto e que melhor se adequem ao negócio e não ser simplesmente uma ação de marketing, por sinal algo cada vez mais combatido.
Por fim, alguns objetivos da Science Based Target Information (SBTI) para uma ação climática ambiciosa refletem bem as iniciativas para uma ação de responsabilidade:
- Negócios e governos devem colaborar para reduzir a diferença temporal entre ações corporativas e regulatórias;
- Empresas devem trabalhar para descarbonizar a cadeia de suprimentos
- Investidores devem trabalhar para ter metas com critérios nos Linked bonds e nos padrões financeiros
- As instituições financeiras deveriam criar um efeito dominó em diversos setores da economia, estabelecendo o uso de critérios.
Esperamos que este artigo tenha elucidado um pouco mais sobre o assunto Agenda Sustentável e suas métricas e metas, mas se você ainda ficou com alguma dúvida ou precisa de assessoria nestas questões, entre em contato conosco.
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