Como já vimos anteriormente, o Proex é uma das ferramentas disponíveis como alternativa para ajudar o para o exportador na internacionalização de sua empresa. Neste artigo você conhecerá uma outra ferramenta, mas dessa vez para a importação de produtos, como o Finimp.
No cenário de globalização industrial, muitas empresas que estão dentro do território nacional dependem de insumos que vêm do exterior para darem andamento na produção dos seus produtos no Brasil.
É o caso, por exemplo, das empresas petroquímicas, químicas, e de componentes eletrônicos, cujos inputs importados representam uma parcela significativa nos elementos produtivos.
Já outras empresas definiram um modelo de negócio onde importam produtos acabados para então comercializá-los no mercado interno, como é o caso das redes varejistas, montadoras e artigos de luxo.
Existe ainda uma série de máquinas e equipamentos utilizados por indústrias, plantas de geração energia, portos, entre outras atividades, que também precisam ser adquiridas no exterior, pois muitas vezes não têm substitutos ou alternativas locais.
Veja neste artigo algumas alternativas de crédito e financiamento que podem ser obtidas por empresas brasileiras para aquisição dos bens e serviços no mercado externo.
Índice
Um primeiro passo: as formas de pagamento na importação
Quando uma relação comercial com um fornecedor no exterior é iniciada, muitas vezes, é uma prática muito comum que o pagamento seja realizado de forma antecipada, no ato do pedido. Este é o pior cenário para o importador, pois, além de precisar antecipar os recursos, corre-se o risco de não receber a mercadoria, ou mesmo recebê-la fora das especificações combinadas.
Para evitar este risco, pode-se negociar a emissão de uma carta de crédito de importação, podendo a modalidade de pagamento ser à vista ou a prazo. Neste cenário, haverá o custo para o importador de emissão deste instrumento junto à uma instituição financeira no Brasil, mas o importador pagará somente se a mercadoria estiver dentro das condições estipuladas na carta de crédito.
O melhor cenário para o importador é negociar o pagamento da mercadoria via cobrança documentária. Neste modelo, a mercadoria é retirada mediante a execução do pagamento para o exportador, ou o aceite de um instrumento de dívida para pagamento a prazo. Sendo assim, o importador ganha um prazo a mais para o pagamento, pois isto pode ocorrer somente no momento que a mercadoria chega no porto de destino, evitando ainda o risco do não recebimento da mercadoria, com a vantagem de que os custos da transação financeira são menores, comparados a uma carta de crédito.
Há ainda a possibilidade da remessa direta, em que o exportador confia plenamente no importador, e envia a documentação para desembaraço da mercadoria diretamente para este, sem a necessidade do pagamento prévio.
Financiamentos de insumos ou produtos intermediários
O importador, ao negociar a forma de pagamento, deve estar atento se utilizará recursos próprios, ou buscará alternativas com capital de terceiros via financiamentos ou outras estruturas que oferecem prazo para as compras externas.
Quando se busca por capital de terceiros, deve-se ter em mente o custo médio do capital próprio*, avaliando se esta é a melhor opção para o bom negócio.
Nas situações em que o exportador exige que a forma de pagamento seja a antecipada, é comum que não se consiga obter financiamento junto a um agente financeiro, visto que a mercadoria ainda não foi embarcada. Além do risco inerente de inadimplência do importador, o agente financeiro não quer correr o risco de falha de entrega da mercadoria pelo exportador. Nesta situação, o caminho viável para o importador será a utilização de capital próprio.
Já para o pós-embarque da mercadoria existem algumas alternativas que podem ser utilizadas pelo importador para ganhar prazo no pagamento, e desta forma, sincronizar com o prazo de suas vendas, sejam locais ou internacionais.
Os bancos locais oferecem uma modalidade denominada Finimp (Financiamento à Importação), em que é concedido um financiamento externo com taxas de juros competitivas internacionais, via de regra, indexado em dólar ou euro, entretanto pode ainda estar indexado em reais, em que o exportador no exterior recebe o pagamento no prazo combinado com o importador, e este paga no prazo do financiamento, que costuma ter vencimento máximo de 180 dias, podendo se estender até 1 ano, dependendo da mercadoria envolvida.
Há ainda a possibilidade de ganhar prazo de pagamento quando se negocia uma carta de crédito a prazo, em que o exportador pode receber, tanto no prazo deste instrumento, como também pode negociar a antecipação dos recursos junto ao seu banco de relacionamento. Neste caso, o importador ainda pode ganhar um adicional de tempo, quando no prazo de pagamento da carta de crédito vincula um Finimp.
Existe também a possibilidade de se utilizar das plataformas de Supply Chain Finance, em que o importador utiliza de fundos ou bancos que garantem o pagamento da mercadoria para o exportador, mediante o embarque do produto, pagando no vencimento da fatura para a instituição escolhida. Esta alternativa será explorada em um futuro artigo.
Para todas estas situações o importador deve estar preparado para negociar uma aprovação de crédito da sua empresa junto ao agente financiador. Caso necessite de uma planilha de apoio para realizar os cálculos destas operações, fale com contato@ocean360.com.br.
Financiamento de bens de capital
É comum que as empresas precisem buscar no exterior as máquinas e equipamentos necessários para a produção dos bens ou serviços.
Indústrias de bebidas, papel e celulose, cerâmica, alimentos, químicas, por exemplo, demandam, na sua maioria, de máquinas produzidas na América do Norte, Europa, e Ásia para o processo produtivo.
O mesmo ocorre nas plantas de geração de energia eólica e solar, em que os aerogeradores e placas solares podem vir do exterior. No setor de transportes, aeronaves, helicópteros, ônibus elétricos são, em grande parte, produzidos no exterior.
Estas máquinas e equipamentos podem ter acesso a linhas de financiamentos que se adequem ao período do retorno esperado deste investimento, com prazos que podem variar de 3 a 15 anos, dependendo dos equipamentos envolvidos.
Os países em que os fornecedores destes maquinários ou equipamentos se encontram possuem agências governamentais que oferecem programas de incentivo à exportação, também conhecidas como Export Credit Agencies (ECAs), o que possibilita que agentes financeiros ofereçam essas linhas de financiamentos com prazos mais longos.
Sendo assim, a viabilidade das alternativas de financiamentos dependerá de uma série de variáveis, como o momento da empresa importadora, das mercadorias e garantias envolvidas, e do grau de relacionamento com o exportador e o agente financeiro.
Caso queira se aprofundar quais as possibilidades existem para a sua empresa, fale com a Ocean360.
(*) O custo médio ponderado de capital (WACC) vai determinar o custo do capital total levantado por uma empresa, seja de seus acionistas ou de fontes externas, como bancos ou investidores institucionais, como private equity ou venture capital, por exemplo.